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28.10.03

Tour de Force: a quinta semana "Nostalgia"
Por : Miguel Guedes


15 Outubro - Setúbal

Alterações na Equipe :
Sai « Mário Pereira - Entra » - Nelson Carvalho (Tec. Som)

A última semana de “Tour de Force” é encarada, logo à partida, com alguma nostalgia. É a última. As saudades dos quartos duplos, a tristeza inerente à separação física do nosso próprio material depois de um concerto (ou seja, não mais carregaremos!), as pequenas/grandes distâncias para sítios no desconhecido...
Ainda mal refeitos da tempestade algarvia, já tudo isto passa pela nossa cabeça quando partimos para Setúbal.
O local aprazado para o concerto não é bem em Setúbal. Fica mais exactamente em Samouco (Alcochete). O bar chama-se Moinho da Praia e recebe-nos com chuva miudinha, quando a tarde do dia 15 se alongava para o chá das 5. É um espaço enorme (com piscina em miniatura) e diversas salas multifunção.
No exterior, um pequeno palco lembrava-nos que se fossemos idiotas poderíamos tocar à chuva pela segunda vez consecutiva. Inteligentemente, optamos pelo espaço com a pior acústica de toda a Tour. Era o mais pequeno espaço do complexo mas o som da sala não poderia ser pior.
As pessoas pareceram gostar mas não eram, de facto, as melhores condições para um concerto. Sem necessidade de sobrecarregar as bondosas almas presentes com um encore, despedimo-nos com o psicadélico (e naquele contexto, pica-miolos) “You in your Arms”. Hotel. Acordar. Rumo a ...



16 Outubro – Beja

Já sabíamos há alguns dias que o sítio onde este concerto se realizaria não era o previsto. O cartaz indicava Pandora, o que abria excelentes perspectivas à personificação da caixa. Mas a carrinha não parou ao ver, na estrada, a tabuleta com o nome “Beja”. Bem vindos ao mundo de “Pias”, a simpática localidade a 30 km de Beja que acolheu o antepenúltima passagem da “Tour de Force” pelo Portugal real. O Bar dá pelo nome de Lagar e é circundado por extensos pastos com ovelhas e fauna diversa, ao bom estilo do sonho rural. As pessoas recebem-nos com extrema simpatia e, desta vez, há palco. Alguém no Bar nos confidenciava que por ali haviam passado (salvo erro) as “Non-Stop”, tendo tocado cerca de meia hora, duração bem inferior ao tempo gasto ao espelho. Pois desta vez houve menos espelho e a coisa até correu bem. Voltamos a Setúbal para dormir já a madrugada anunciava o dia. O dia em que o fantasma de Hermínio Martinho voltou a assolar ...



17 Outubro – Santarém

Ninguém se lembra de Hermínio Martinho. O Engenheiro. E ninguém quer saber. É pena que assim se destrua um mito. O ex-líder do PRD, homem da terra que do alto dos seus esticados um metro e noventa levou o Eanismo à casa de todos é agora votado ao maior dos ostracismos. Ninguém quer saber. Nem eu. Mas perguntei! Rezam as crónicas que vacas suas haviam morrido afogadas numa inundação em Santarém. Sobraram os bois? A verdade é que o PRD virou à extrema-direita e o Hermínio partiu para outra. Bem haja.
A Discoteca chama-se Via In e é mesmo em Santarém. O jantar foi excelente e bem regado. A Via In é enorme. Mais um daqueles espaços que, à partida , julgamos nunca poder encher. Várias salas, snooker, terraço, e por aí acima. Fomos surpreendidos com flyers com o nosso nome em produção própria do espaço, o que indicava boa promoção ao evento. Com um palco altíssimo, foi um bom concerto. O camarim, no final, apresentava marcas de fim de Tour, com Marco e Elísio a assumir a liderança; mas o grande final estava guardado para a alquimia de ...



18 Outubro - Lisboa

Depois de termos passado por todo o País, esta era definitivamente a última noite da “Tour de Force”. Pode dizer-se que se aproximava o “carro vassoura” e a emoção do que já não mais iria ser aflorava a pele. O concerto da Antena 3 na terça-feira que estava para vir não era mais que um significativo “plus”. Estávamos cansados, confesso. Todos, sem excepção. E as longas escadas do Santiago O Alquimista não facilitaram. O Bar é lindíssimo e situa-se quase paredes meias com Castelo de São Jorge. Oxalá resista ao Inverno e à vontade camarária de cortar tudo o que é acesso ao que quer que seja.
Depois de um repasto “vagamente” Indiano, iniciamos o que foi, para mim, um dos melhores concertos desta “Tour”. O som estava bom, as pessoas estavam presentes com a devoção dos melhores momentos, o DJ Hugo Moutinho recriou várias formas de bem-estar (foi bom ouvir o “Mercy Seat” na voz de Johnny Cash e Elliot Smith em jeito de meu pedido pessoal- entretanto, alguns dias depois soube-se da morte de Elliot Smith em circunstâncias aparentemente não ligadas ao envelhecimento “tipo Cash”; porque é que tem sido assim ultimamente com aqueles que mais ouço?). Imediatamente antes da nossa entrada em palco ao som da banda–sonora (“Paris, Texas”) em que Ry Cooder nos mergulha no melhor ambiente que alguma vez criou, sentia-se já a nostalgia e o nervosismo do que se encara como derradeiro. O concerto começa com “On the Dawn of a Title” e sinto que as pessoas estão lá para ouvir. Isso já é meio caminho para nos sentirmos felizes. Acabamos com “Another One” e não há mais.
Acabou. As escadas continuam lá e desta vez são a subir. Voltamos para o Porto e não deixo de pensar que muita coisa terá mudado para nós na sequência desta “Tour”. Oxalá parece-me um bonito remate.

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